A INTERSECCIONALIDADE DA PESSOA TRANS VELHA COM DEFICIÊNCIA

Autores

  • José Campos da Costa Junior

Palavras-chave:

interseccionalidade, velhice, transexualidade, pessoa com deficiência

Resumo

O presente ensaio tem o condão de lançar luz a esse entroncamento populacional multidiscriminado e, para além disso, dá-lo voz; trazê-lo às discussões políticas tão necessárias para representatividade e conquista de direitos. Tentou-se, deste modo, redarguir a indagação norteadora – “quais direitos são negados/negligenciados às pessoas transvelhas portadoras de deficiência?” – do presente trabalho, diligenciando pela técnica científica e presando, em primo, pela mais íntima proximidade com a imparcialidade realizável. Para tanto, debruçou-se sobre uma extensa pesquisa exploratória em materiais bibliográficos e tentou-se a localização de ao menos um paradigma que possa contribuir, por intermédio de suas experimentações individualíssimas, com os resultados e proposições que foram prestadas por este trabalho. No entanto, chegou-se apenas às intersecções: i) pessoa transexual e com deficiência; ii) pessoa transexual e idosa; e iii) pessoa idosa e com deficiência. Exposta a importância de que estudos interseccionais sejam desenvolvidos com muito mais frequência, conferindo poderes quase sobrenaturais aos resultados de estudos interseccionais. Conversada a velhice como sendo um fenômeno social mundial em rápida transformação, alterando toda a sociedade, baseando-se em dados oficiais, comparando-os com outros dados acadêmicos já publicados. Tratou-se da transvelhice, mais precisamente, do processo de envelhecimento transexual, que é um processo natural de todo e qualquer ser humano. Fora abordada a interseccionalidade que nomeia o trabalho: a velhice transexual de pessoas com deficiência. Abstract Denna uppsats syftar till att belysa denna befolkningsfraktion som diskrimineras flera gånger och dessutom ge den en röst; att föra den till de politiska diskussioner som är så nödvändiga för representativitet och erövring av rättigheter. Ett försök gjordes för att svara på huvudfrågan i det nuvarande arbetet «vilka rättigheter nekas eller försummas äldre transpersoner med funktionshinder?», prioritera vetenskaplig teknik och vårda först och främst den närmaste närheten till opartiskhet som är möjlig. För detta fokuserade den på en omfattande utforskande forskning i bibliografiska material och försökte hitta minst ett paradigm som genom sina mycket individuella experiment kan bidra med de resultat och förslag som tillhandahölls av detta arbete. Men endast korsningarna nåddes: 1) transsexuell och funktionshindrad person; 2) transsexuell och äldre person; och 3) äldre och funktionshindrad person. Betydelsen av att intersektionella studier utvecklas mycket oftare har visats, vilket ger nästan övernaturliga krafter på resultaten av intersektionella studier. Den behandlar ålderdom

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Referências

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[1] Pós-graduado em NeuroLaw – Neurociência Aplicada ao Direito e Comportamento Humano - ESMAFE-PR; Bacharel em Direito - UNISUAM; Membro ICLA; Membro ILLA; Membro ISA; Membro Institutionen för Nordiska Språk - Universidade de Uppsala; Membro European Society of Criminology; Membro INPPDH; Membro (estudante convidado) ANADD; Associado ILA-Brazil - International Law Association; Associado CONPEDI.

[2] Lélia Gonzalez, Beatriz Nascimento, Sueli Carneiro, Edna Roland e Luiza Bairros.

[3] Obra integrante da coleção Feminismos Plurais, sob a organização da filósofa e militante feminista, Djamila Ribeiro.

[4] Trata-se do título de um livro, sob a organização de Tainã Bispo. “Ninguém solta a mão de ninguém: manifesto afetivo de resistência e pelas liberdades.” 2018.

[5] Velhice mainstream, em tradução livre, velhice padrão; convencional; “normal”.

[6] LGBTQQICAPF2K+ é a sigla para designar Lésbicas, Gays, Transexuais, Queers, Questionando, Intersexuais, Curioso, Assexuais, Pansexuais, Polisexuais, Familiares, 2 two-spirit, Kink, além de outras variações sobre gênero e sexualidade – demissexual, por exemplo.

[7] A terminologia transidoso(a)s refere-se às pessoas transexuais idosas.

[8] João W. Nery foi o primeiro transhomem a se submeter à cirurgia de redesignação sexual no Brasil. Há um projeto de Lei, denominado Lei João W. Nery, proposto pelo Jean Wyllys, dispondo sobre o direito à identidade de gênero.

[9] Bombadeiras são aquelas que exercem a função de “construir um corpo” transexual mais atraente, de forma clandestina.

[10] Queer theory – é um campo da teoria crítica. Tem sido amplamente associado ao estudo e teorização de gênero e práticas sexuais que existem fora da heterossexualidade e que desafiam a noção de que o desejo heterossexual é normal.

[11] Crip Theory – crip é gíria para aleijado. É um termo em processo de valorização por pessoas com deficiência. A teoria tem início nas comunidades e é uma teoria acadêmica que se cruza com experiências como raça, classe ou gênero.

[12] Capacitismo – ideia de que pessoas com deficiência são inferiores àquelas sem deficiência, tratadas como anormais, incapazes, em comparação com um paradigma definido como perfeito.

[13] Transfobia – repulsa ou preconceito em relação ao transexualismo, aos transexuais ou às pessoas transgênero.

[14] Gerontofobia – síndrome que define aversão ou medo patológico de pessoas idosas ou do processo de envelhecimento.

[15] CID – Código Internacional de Doenças.

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Publicado

04.09.2025

Como Citar

José Campos da Costa Junior. (2025). A INTERSECCIONALIDADE DA PESSOA TRANS VELHA COM DEFICIÊNCIA. Revista Eletrônica Da OAB-RJ. Recuperado de https://revistaeletronicaoabrj.emnuvens.com.br/revista/article/view/348

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