Racismo, Ciência e Mulheres Negras: Há Conexão? O Apagamento Feminino na Produção Científica.

Resumo

Este artigo propõe uma análise crítica sobre as interseções entre racismo, ciência e gênero, com foco no apagamento histórico das mulheres negras na produção científica. A partir de uma abordagem interseccional, evidencia-se como a ciência — frequentemente percebida como neutra — é, na verdade, atravessada por estruturas de poder que excluem corpos e saberes não hegemônicos. A construção da ciência moderna, marcada por uma epistemologia eurocentrada, patriarcal e colonial, contribuiu para a invisibilização de mulheres negras como produtoras de conhecimento. A análise aborda o papel das premiações científicas internacionais, como o Prêmio Nobel, que reforçam a exclusão quando se observa a ausência de cientistas negros e negras entre os laureados revelando um sistema de reconhecimento que perpetua desigualdades raciais e de gênero. Em contraponto, o artigo apresenta iniciativas de resistência e visibilidade, mostrando a trajetória de mulheres negras que se destacam na ciência e que buscam desconstruir estereótipos e promover a representatividade de mulheres negras na academia contribuindo para a construção de novas narrativas sobre quem pode ser cientista. A reflexão proposta é urgente: é preciso descolonizar os saberes, ampliar os horizontes epistemológicos e reconhecer que a ciência só será verdadeiramente democrática quando incluir todas as vozes — especialmente aquelas que historicamente foram silenciadas.