BIOÉTICA EM CUIDADOS PALIATIVOS: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA O RESPEITO E QUALIDADE DE VIDA DO PACIENTE COM CÂNCER
Resumo
A Bioética tem seu nascimento, no final da década de sessenta, em um contexto de
alerta diante do acelerado desenvolvimento da ciência e seu mal uso. O momento era de atenção
para a “garantia” da manutenção das gerações futuras, sim, parece alarmismo, mas se tratava
de reunir meios para assegurar a sobrevivência dos seres vivos. Era uma questão urgente
repensar o uso da tecnologia de modo que a vida com qualidade fosse preservada.
Assim, a Bioética é chamada enquanto promotora e protetora da vida, com qualidade,
e isso não é diferente nos Cuidados Paliativos, no qual está é invocada para que o uso da
tecnologia vise o alívio do sofrimento e a qualidade de vida respeitando os valores da pessoa
com
doença
crônica
grave,
dentre
elas
câncer.
Potter, um grande cientista, teórico e sistematizador da Bioética defende que o agir
o
deveria ser definido pelo prefixo ‘bio’, em outros termos, uma ética aplicada em prol da vida,
em detrimento de quaisquer outros interesses. A preocupação com a vida deve pautar o
desenvolvimento e a utilização da ciência. Para tanto, Potter ressente-se da emergência de uma
nova sabedoria que fizesse bom uso do conhecimento, haja vista a população mundial já ter
experimentado historicamente tantos danos em nome do progresso científico e
socioeconômico.
Para o autor, a sociedade moderna vivia o fenômeno do conhecimento perigoso, em que
uma avalanche de novos conhecimentos ia se sobrepondo sem que houvesse espaço para
reflexão quanto à proporcionalidade e racionalidade de seu uso. Não há ingenuidade no uso do
conhecimento, e uma vez que este é poder, sempre que possível será usado para obtenção de poder. Assim, o conhecimento em prática é sempre ameaça em potência, pois ninguém se
preocupa com o conhecimento “engavetado”, sendo os usos conferidos que o torna perigoso
ou
útil.
Deste modo, paira uma insegurança quanto continuidade da vida com qualidade, pois
as áreas das Ciências romperam com as áreas das Humanidades. A comunicação entre as partes
fora extremamente prejudicada pelos interesses antagônicos e conflituosos que insistiam em
distanciá-las. Logo, a Bioética surge como uma ponte que favorece a comunicação, o diálogo
entre as áreas, no dizer de Potter, como uma ponte para o futuro.
Downloads
Referências
ARAÚJO, A. O. V. Múltiplos enfoques sobre a morte e o morrer. In: Conflitos bioéticos do
viver e do morrer/Organização de Rachel Duarte Moritz; Câmara Técnica sobre a
Terminalidade da Vida e Cuidados Paliativos do Conselho Federal de Medicina. – Brasília:
CFM; 2011. p. 141-155.
KÜBLER-ROSS, E. Sobre a morte e o morrer: o que os doentes terminais têm para ensinar a
médicos, enfermeiras, religiosos e aos seus próprios parentes. Trad. Paulo Menezes. 10ª ed.
São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2017.
POTTER, Van Rensselaer. Bioética: ponte para o futuro. Trad. Diego Carlos Zanella. São
Paulo: Edições Loyola, 2016.
RICOEUR, P. Vivo até a morte: seguido de fragmentos. Trad. Eduardo Brandão. São Paulo:
Editora WMF Martins Fontes, 2012.
SAUNDERS, C. Velai comigo-inspiração para uma vida em Cuidados Paliativos. Trad.
Franklin Santana Santos. Editor FSS, 2018.